Assentos Reservados para Idosos, gestantes, pessoas com crianças de colo e deficientes físicos.

foto: estrada Niteroi - Rj


O sentimento mais difícil de lidar é esse que vem com a angustia da alegria. A tristeza da felicidade. Estou tão feliz que fico triste.
Estou tão cheia que não consigo caber dentro do meu corpo e acabo vazando, pelos meus olhos.
Estou tão cheia de amor, que não consigo guardá-lo mais só para mim. Espero que alguém o roube um pouco, espero tirá-lo um pouco daqui de dentro.
Sinto o sol queimando meus sonhos. O mar lavando buracos que já foram feitos, e que não fecham. A dor passa mas a ferida nunca fecha. Ela fica aberta e pode doer de vez em quando, mas o mar vem para me lembrar de que a maré vai, e volta. As coisas passam e as coisas vivem, morrem, sobrevivem, e que o mar tem força, e o mar é calmo, o mar é lindo, mas afoga. E que chorar em cima de tanta agua salgada não faz diferença alguma.
Num momento de morte-vida eu disfarço e caminho. Violentamente aos maiores amores eu molho os dias. Um sentimento mudo, de uma proporção que não consigo revelar. Sobre tudo chegou a hora de se libertar do gozo do choro, no choro. No outro lado da vida molhada de gozo Divino. De dentro pra fora e de fora pra dentro.
No momento, enquanto nada passa e tudo muda, enquanto não se para de aumentar a velocidade. Olhar pela janela, e o que vejo é sobre o adesivo de assentos reservados. Ele faz tudo ficar embassado. Então vou indo pelos caminhos, correndo cada vez mais, vendo uma metade embassada, e outra clara demais que não consigo suportar. Um faz de conta de que tudo ficou azul da cor do gelo branco transparente. E eu fico laranja da cor do sol amarelo, e eu queimo.

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