A validade das Margaridas



Quando peguei nas mãos o pacote, muitas coisas passaram na minha cabeça, a primeira foi que eu tinha um prazo pra voltar e buscar minhas sementes, eu tinha exatamente um ano para que as sementes perdessem seu prazo de validade.
A segunda coisa, foi extensão e fruto de quem tem uma imaginação comparativa como a minha, então pensei que eu tinha também outros tipos de sementes, algumas já estavam plantadas, mas por não estar por perto, eu tinha medo que um dia chegassem a morrer.
Tantas outras que desejo plantar e fazer crescer, mas ainda não sei plantar as coisas direito, não sei regar como se deve, não sei fazer bater sol, fico com o meu corpo distraído fazendo sombra onde talvez não deveria.
A terceira ou quarta coisa, foi ter pensado no jardim da minha avó, eu sentada na terra, brincando de seqüestrar formigas, de lambuzar a mão de néctar.
A décima coisa foi ter chego a conclusão que querer levar memórias em forma de matéria para qualquer lugar que eu vá não é mais do que querer crer que não abandonei aquilo que eu fui ou que acho que sou ainda, a lucidez diz que é apenas medo de transitar e renascer. Ver nas noites uma lua mais brilhante porem muita mais complicada de se observar.
Na centésima vez que pensei em alguma coisa depois de ficar segurando aquele saco de sementes por tanto tempo nas mãos, foi que desejei que tudo fosse florido não importa onde eu ou você estivesse. Que tudo fosse florido embora não haver sementes plantadas, embora habite sombra, embora não chova e não faça sol.

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