Assentos Reservados para Idosos, gestantes, pessoas com crianças de colo e deficientes físicos.

foto: estrada Niteroi - Rj


O sentimento mais difícil de lidar é esse que vem com a angustia da alegria. A tristeza da felicidade. Estou tão feliz que fico triste.
Estou tão cheia que não consigo caber dentro do meu corpo e acabo vazando, pelos meus olhos.
Estou tão cheia de amor, que não consigo guardá-lo mais só para mim. Espero que alguém o roube um pouco, espero tirá-lo um pouco daqui de dentro.
Sinto o sol queimando meus sonhos. O mar lavando buracos que já foram feitos, e que não fecham. A dor passa mas a ferida nunca fecha. Ela fica aberta e pode doer de vez em quando, mas o mar vem para me lembrar de que a maré vai, e volta. As coisas passam e as coisas vivem, morrem, sobrevivem, e que o mar tem força, e o mar é calmo, o mar é lindo, mas afoga. E que chorar em cima de tanta agua salgada não faz diferença alguma.
Num momento de morte-vida eu disfarço e caminho. Violentamente aos maiores amores eu molho os dias. Um sentimento mudo, de uma proporção que não consigo revelar. Sobre tudo chegou a hora de se libertar do gozo do choro, no choro. No outro lado da vida molhada de gozo Divino. De dentro pra fora e de fora pra dentro.
No momento, enquanto nada passa e tudo muda, enquanto não se para de aumentar a velocidade. Olhar pela janela, e o que vejo é sobre o adesivo de assentos reservados. Ele faz tudo ficar embassado. Então vou indo pelos caminhos, correndo cada vez mais, vendo uma metade embassada, e outra clara demais que não consigo suportar. Um faz de conta de que tudo ficou azul da cor do gelo branco transparente. E eu fico laranja da cor do sol amarelo, e eu queimo.

Coisas ao tempos multi color




Dias belos são os que a chuva vem me recordar, batendo na janela, me mantendo com a porta fechada. O dia não tem luz, meu rosto permanece no escuro junto com as gotas geladas, molhando meu rosto que vive, morre. Mesmo gelado meu rosto começa a amar. Trancada entre 4 paredes. As paredes que construi para me proteger. Me corpo trancado, eu sinto medo de sair na chuva mesmo eu gostando dela.
Nós podemos dançar na chuva? Nós podemos pular em poças até o momento de partirmos?
Hoje a chuva me traz impossibilidades. Num instante estou no futuro, outro no passado, outro no teu sorriso.
Eu não estou dizendo que não gosto de me molhar, vamos dançar, a nossa música não acabou, e eu a escuto mais forte dentro de mim desta vez. Não sei se é bom ou ruim. As coisas boas do passado tem se tornado ruins e as ruins em boas, e o presente é confuso, e meu rosto gelado começando a amar. Eu tenho medo de amar. Tenho medo dessa música bonita, e tenho mais medo por não saber distinguir se ela é alegre ou triste.

O tal


Depois de um tempo parece que eu me prendi no vento. No tempo.
Perdi a memória das emoções. Me sinto caindo. Caindo dentro.
Dentro de tudo. Dentro de mim.
Não me importo mais com tuas asas. Eu as quebro e te impeço de voar se for necessário. O amor é isso não é? Eu te destruo todo mas não importa, porque estou sendo sincera. Ou eu te deixo voar, tão lindo, leve, enquanto meu corpo escurece por te poupar de minhas enganações.
Qual é o virtuoso amor, o amor não assusta você? Quem vai dizer o que é isso, o certo não é dizer que cada um ama de um jeito?
tudo isso existe? não soa tão imaturo e estupido pra você?
Não dá pra viver esse tal de amor, quando vivo ele ou nele, me sinto estupida. Não dá pra acreditar nele. Não dá pra acreditar em mim.

Meu primeiro livro.