Siga-se/me em passos permanentes. Não importa por onde ou por quem, eu vivo, e não se sabe como, ou porque. Não sei explicar como vim parar aqui. As coisas simplesmente são.

As cores daquele outono


Não há nada que me move,
Meu corpo está parado, diante do tempo que me exponho e minha força é uma pequena fraqueza invisível.
Não quero correr mais, estou cansada de controlar esse vento que sopra para onde quer.
Hoje sai para andar por Nossa Senhora de Copacabana. Ir do Leme até o banco do Drummond,
Sentar ao seu lado, ver o mar não parar para assistir minhas pausas.
Ao lado do Drummond eu revejo os amores perdidos, me dá uma saudade quando penso que tudo isso vai passar, o mar vai continuar e tudo vai passar, tudo já passou,
As folhas das árvores que se entrelaçam e dançam com seu verde e laranja, estão caindo e se transformando o tempo todo.
Me recolho de volta, passo de novo por essa porta de vidro que ontem olhei meu reflexo.
Atravesso o mesmo semáforo,
Penso nas ligações, nos Não-porques,
No tempo e logo me esvazio, começa a chover, eu corro pra dentro de mim, deito na areia molhada,
Deixo tudo sumir,
Estou sendo engolida pelo som do mar, estou sendo inundada pela chuva.
A roupa molhada,
A água leva embora toda dor física,
eu congelo,
não consigo sentir meu corpo. O som vai desaparecendo. Tudo some. Eu desapareço sobre a superfície de mim mesma.