O céu e todo resto

Nossos pés feitos,
Nós nos dizendo que não queríamos partir.
Nossos corpos caminhavam sofrendo, mas juntos, nossas mãos presas, dedos entre dedos. Eu conseguia ver meu sorriso refletido dentro dos seus olhos.
Sobre o trilho do trem continuamos. Pela janela o sol se põe enquanto o nosso silencio serve como despedida. Nada sobre nós, tudo sobre nossas mentes, agudo, agonizante, e mal sabíamos que era a ultima vez.
Eu apenas quero esquecer tudo o que queremos, tudo, todas as chegadas e despedidas,
todo o choro, nossos corpos e sentimentos dispostos a poder e não poder. A sanidade de que tudo iria embora, ou nada que viesse pudesse mudar a nosso favor. Sabíamos sim, desde o inicio, sabíamos do fim, o que não sabíamos é que ele chegou tão depressa que nem podemos tentar fazê-lo parar, pedir mais uma vez, foi assim simples, simples do mesmo jeito
um dia eu acordei e eu te amava e podia olhar pro lado e você estava la, tão simples que um dia eu acordei, e tive que acreditar de vez que tudo se foi. Isso matava, engolia, mas tentar acreditar que não, matava mais.
As coisas foram simples, e todas foram lindas. Grandiosas. Desde de todas as montanhas que me levaram ate você, até o primeiro olhar. Até ficar parada atrás de você do lado da pilastra. De todas as vontades que nos uniram as poucas vezes e cada toque e cada troca de sonhos,
de todas as portas atravessadas, as esperas, o prazer de caminhar na chuva, nossos olhos molhados, sobre as gotas víamos a chuva caindo sobre o reflexo das iluminárias, fazendo poças no chão. O barulho da chuva sobre a janela do quarto andar, nos acolhia, nos fazia acreditar mais, ou nos fazia querer acreditar mais. De todos as céus azuis, a grama que nos acolhia, de todas as estrelas que nos seguiram, caíram sobre nós, sobre nossas cabeças, continuamos, elas continuam a nos seguir por todos os lados. Elas nos mostrou que não conseguimos atravessar esse rio.

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